Tokyo 2020 vs Desporto escolar

 Tokyo 2020 entra para a história da participação de Portugal como sendo a melhor prestação de sempre (apesar das críticas pela falta de medalhas).

Portugal conseguiu, graças aos seus atletas, 4 pódios e 15 diplomas. 

Este sucesso veio trazer à tona a questão do desporto escolar. Sendo mãe de um adolescente que participou no desporto escolar de uma forma muito ao de leve fico com a ideia que poderão haver condicionantes para que o desporto escolar faça realçar alguém extraordinário. A minha leiga ideia é que os estraordinários, na grande maioria, realçam-se através de investimentos: dos pais, dos clubes e do pessoal atento. E a exemplo disso temos o Cristiano Ronaldo que jogava no Clube de Futebol do Andorinha de Santo António e graças a um olheiro atento conseguiu ir parar ao Sporting.

Mas isto para dizer que para melhorar o desporto escolar talvez seja necessário melhorar o sistema escolar e o ensino. E aí a porca torçe o rabo.

A ideia que tiro, é que para que o conceito funcione tem de haver a santissima trindade: o desporto, a escola e o poder local. 

Sabemos que os deportos variam de popularidade consoante a área/região. Por exemplo: Torres Vedras - ciclismo, Alhandra- triatlo, natação e canoagem, Surf nas zonas costeiras, Hipismo - malta de bem e com dinheiro. 

Se o desporto é da escola (por isso ser Desporto Escolar) porque razão a escola não o integra nos horários em vez de remendar nas horas de almoço e com dispensas de minutos de aulas para poderem participar? (Sim isto já aconteceu e talvez ainda aconteça).

Penso que todos ganhávamos se quem determina os conteúdos programáticos fizesse uma limpeza no sentido de analisar o que realmente IMPORTA. E elaborar conteúdos que os façam aprender a pensar, compreender em vez de empinar a matéria. 

Depois disso seguia a revolução dos horários escolares (outro trinta e um). Cada vez mais os miúdos são obrigados a estar 10h ou mais nas escolas porque os pais precisam de os ter em algum lado enquanto trabalham as 8h diárias, ou mais, sem contar com o que gastam para ir e voltar do trabalho. 

Então a minha sugestão é:

  1. Os putos têm aulas até às 15h30, depois disso e até às 18h30 o tempo é  dedicado ao desporto escolar e outras actividades. porque pelo o que sei só vai para o desporto escolar quem quer e obrigar não leva a lado nenhum. É obrigado a escolher.
  2. Para além do desporto escolar determinar outras actividades: Teatro, laboratórios/oficinas científicos, leitura, escrita, fotografia, horta escolar, ambiente, discurso argumentativo, pintura, artesanato, informática e tecnologia, música, rádio, televisão, cozinha, pastelaria, o que seja.
  3. A escola em conjunto com as associações de pais e o poder locar (através dos pelouros correspondentes) trabalharem em conjunto no sentido de articular estratégicas para que os miudos possam ter acesso às áreas em questão e até mesmo (porque não) contribuirem para a comunidade de forma cívica.
Exemplificando:
Aluno com desporto escolar de futsal: sai da escola junto com os seus pares e vai treinar no pavilhão de futsal da terrinha até às 18h30.
O aluno que tenha musica: sai das aulas e vai para sociedade ligada à música que exista na zona.

Claro que estas propostas têm de ser pensadas e apresentadas consoante com o que há e funcionar de maneira a que os miudos não tenham ginástica das 19h às 20h 3x por semana. Ou que cheguem de um treino às 22h  numa noite de escola e ainda ter de comer e estudar.

Se isto funcionasse andava toda a gente contente. Os miudos, os pais, as escolas, a sociedade em si. E as familias tinham mais tempo para elas.

Mas eu sou uma sonhadora.

imagem em: https://24.sapo.pt/desporto/artigos/foram-os-melhores-jogos-olimpicos-de-sempre-para-portugal-e-nao-foi-so-em-numero-de-medalhas

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