Mamografia

Fazer uma mamografia é das coisas mais chatas que uma mulher tem fazer em termos de exames médicos.

Onde vou buscar tanta acertividade? Das 4 que já fiz ainda não apanhei na sala de espera uma mulher feliz e contente por estar ali. Apanho sempre mulheres ansiosas e cheias de medo porque não sabem se o exame irá revelar ou não algo.

Ora vamos aos factos:

1. É o único exame médico que não tenho pressa em fazer, esperar na sala de espera não me chateia nada.

2. É um exame em que somos apenas mulheres de batas azuis mal apertadas e com caras de que temos de ali estar mas dávamos tudo para não estar.

3. Queremos que aquilo tudo acabe depressa.

4. Quando termina corremos o mais depressa possível dali para fora.

Este é o cenário que encontrei das 4 vezes que fiz. 

Por norma a mamografia vem também com uma ecografia mamária. Então vou ao que interessa: primeiro o exame mais chato é o da máquina de mamografia que basicamente é aquela que aperta a tua mama para tirar a radiografia. É um bicho alto e em tons de rosa (para ser fofinho). Encontra-se sempre acompanhado por uma técnica que nos faz o processo o mais rapidamente possível e tenta que seja o muito pouco doloroso. A partir do momento que te chegas perto do bicho não tocas nas tuas maminhas a amiga do bicho faz isso por ti (a técnica). 

ATENÇÃO que a amiga do bicho é uma senhora que é amável e simpática, e também não gosta de encarar o bicho para a sua própria mamografia (é sempre o comentário que partilham quando digo que não gosto nada daquilo).

"Então vamos lá despachar isto." Digo sempre para encarar o touro pelos cornos. O lado A consiste em entalar as 2 mamas na latitude até que não doa muito e aguentas e rezas para não teres que repetir porque a vontade é  sair e deixar a mama na máquina.

Ora vai uma ora vai outra e já está. E respiras fundo até que vês o bicho cor de rosa a virar a pinça para a longitudinal. Falta o lado B. E o aperto doi sempre mais. Comigo acontece sempre, não sei que é assim com todas. Para além do desconforto ainda tens a axila enfiada num bico para que o ângulo seja o correcto para uma boa foto.

Dois lados feitos e siga para a ecografia mamária. Esta não custa nada.

Chamam-te. Tu segues despachada. "Baixe a bata e deite-se de barriga para cima com os braços debaixo da cabeça." Tu cumpres rapidamente e esperas. Olhas. A sala está na penumbra e a única luz é a que sai dos ecrãs do equipamento. A médica nada diz e nada pergunta. Demora-se a teclar para introduzir os dados do teu exame ou ainda está a terminar os dados do exame anterior. Continuas à espera e sentes o odor dos sovacos. "Fdx!!! Mas eu uso desodorizante!!" Vai na volta já és tu encafifada com os teus problemas e acrescentas ainda o cheiro dos sovacos. "O que vale é que a malta está toda de máscara." Pensas para ti.

A médica coloca o gel nas mamas para passar a sonda para a ecografia. "Não está frio. Do mal o menos" pensas.

Rodopiando a sonda na mama esquerda e depois rodopiando na direita em valsa.

"Pode levantar. Tem ali os toalhetes para se limpar." Foram as únicas palavras que ouvi directamente para mim.

Saí com um obrigada e raspei dali para me vestir e dar de frosques.

Realmente é uma experiência muito chata mas necessária para o rastreio do cancro da mama. E se não disserem nada tanto melhor.

Quando estou a levar o aperto na máquina penso no equivalente para os homens. Tipo eles levarem um aperto semelhante nos testículos.

Esta coisa de as mulheres pensarem  castigos semelhantes para os homens para poderem aliviar as suas dores é uma cena caricata. Ou então é só da minha cabeça.

Mas os homens têm o exame da próstata que básicamente é levar com um dedo maroto e espião no cu. E também ao levarem algalia para mijarem é capaz de ser bem mais desagradável.

Por isso... rest my case ...