Back to the motherhood
Depois de um grande interregno, em que
nem me dou ao luxo nem à coragem de ir ver, eis que regresso pelo motivo
mais improvável.
Pois é, aqui a je
lembrou-se a 3 anos na porta dos 40 saborear o doce e doloroso sabor da
maternidade, a menos de 1 mês de voltar a ser mãe de um rapaz (mais um)
eis que decidi partilhar com as jovens mamãs e grávidas maduras como
eu, seja ou não de primeira viagem, esta experiência única que todas
adoramos recordar e dizer maravilhas para não fazermos má figura.
Não
sei se vá por comparação com a gravidez do primeiro, ou se vá por
pontos de referência. A única certeza é, que com certeza, há uma grande
diferença, para além de 10 anos de intervalo, e o sentimento de não
estar a ser justa à medida que texto corre. Os/as mais mente abertas
ou compreensivas entenderão.
Pois bem:
Após
o choque inicial e a digestão de que a gravidez é uma realidade, e logo
no ponto de partida já a culpa tomou parte da minha consciência porque a
realidade e os sentimentos são contrários à primeira em que a alegria e
a euforia foram uma constante, eis que denotei que apesar de pensarmos o
contrário a maior parte das vezes os primogénitos são uns sortudos nem
que seja devido ao facto de que as mamãs não fazem a mínima ideia para o
que vão. Claro que provavelmente no meu caso foi mais acentuado porque
apesar de a 1ª gravidez ter sido planeada, desejada e em condições
consideradas perfeitas revelou-se um parto traumático, sonhos por terra e
uma família e casamento desfeitos, mas fiquei com um filho lindo,
perfeito, inteligente que amo muito e que é o meu mundo.
Avançando...
Depois
de o meu primogénito reagir muito bem à vinda de um irmão à sua
realidade eis que um grande peso foi retirado dos meus ombros e dei-me
ao luxo de viver esta gravidez da forma mais tranquila e positiva
possível. Algo que não é fácil. Gerindo horários e a vida do mais velho
com a minha e a do seio familiar que entretanto se constituiu antes deste
bebé aparecer. Trabalho+escola do mais velho+actividades
extra do mais velho+vida familiar+parceiro futuro pai e já pai de uma
menina. Dou por mim a pensar "Bolas!!! Do primeiro era mais tranquilo.
Que canseira! Quando tiver que andar com o pirralho ao colo e a mama do
lado de fora a dar estas voltas vai ser lindo vai." Respiro fundo,
conto até dez e mentalizo-me: "tranquila... quando chegar a altura
aguentas".
Para não falar em saídas
muito egoístas em que penso que no momento em que me sentia liberta de
creches com prestações milionárias, fraldas, carrinhos, toda uma
logística de peso e que já tínhamos putos que nos acompanhavam para
quase tudo, eis que penso: "Tão depressa não seremos só nós os dois
outra vez para namorar, chegar tarde, saborear umas belas garrafas de
vinho e as outras cenas como nos entretermos e brincarmos um com um
outro até adormecermos." E o medo de que a história se repita e que
acabe a braços com uma realidade que já conheço bem graças ao pai do
primeiro.
A alegria quase contagiante
dos amigos e alguns familiares mais próximos vai dando algum ânimo mas
não necessariamente animando. É simpático vá!! Não nos dizem nada que já
não saibamos e giro giro é estar alegre com a barriga dos outros.
Sejamos francos.
Não me levem a mal, a sério. Acredito que muitos sejam sinceros e que realmente vendo as coisas agora, na recta
final, viver uma gravidez outra vez era algo que sempre quis, apenas
tinha descartado essa possibilidade devido às circunstancias da vida. Mas
como já afirmei, a primeira experiência da maternidade tinha tudo para
dar certo e foi o que foi, esta segunda que, em termos de comparação, é o
oposto talvez seja a que vai vingar e quiçá seja o selo para uma
relação duradoura, leal e verdadeira. À segunda volta os valores são
outros e sejamos francos: NÃO HÁ PRÍNCIPES ENCANTADOS, MAS HÁ SAPOS QUE
SÃO UM ENCANTO. Prefiro um sapo que seja um espectáculo do que um príncipe que seja uma besta quadrada.
Uma
coisa que vem de uma segunda gravidez é a falta de paciência para as
conversas que advém de outras mães com 2 ou mais filhos. NÃO HÁ
PACHORRA!!! Oiço e sorriu só numa de boa educação, porque a vontade é
mandar todas pastar e dizer que não estou com pachorra para comparar
partos como as velhotas que passam a vida no centro de saúde a ver quem
tem mais doenças. Chego mesmo àquele ponto de blá blá blá Wiskas saquetas.
Claro que dou sempre ouvidos às boas amigas e família muito próxima, mas isso não quer dizer que diga Amém a tudo.
Claro
que depois dos enjoos, a subida de peso, o aparecer da barriga, o
sentir do bebé, a alegria do companheiro e do mais velho, começas a
pensar que tudo vai correr bem e desfruta a viagem porque vais fazer
tudo por tudo para não comprares este tipo de bilhete outra vez.
Eis que reparas que és mais selectiva
e menos impulsiva nas compras das coisas para o bebé porque tens plena
consciência que abusaste no primeiro. Começas em busca de empréstimos e
chegas ao ridículo, mas muito bom, de seres contactada por mães depois
de ti que ainda têm coisas que tu prontamente emprestadeste, e pensas: "Espectáculo!!! Isto sim, isto é muito boa onda."
Dás
por ti a guardar a roupa do mais velho para o mais novo porque já sabes
que a roupa dura pouco porque eles crescem rápido e, no meu caso, lá
tive de comprar o que se perdeu do primeiro (que por acaso também fui eu
que comprei) porque ficou na casa que era tua que "largaste" e que
levou sumiço estratégico-justificado.
A figura muda e apesar de não teres ganho muito peso pensas que todas as hipóteses de entrares nos 40 enxuta, podre de boa, caem por terra. Porque se já estava difícil sem estares grávida... bem... vai ser uma missão impossível. E depois lá vem a insegurança de que depois tens de viver a recuperação do parto, a fase do pós em que tu és uma vaca autêntica que tens de te adequar a uma nova realidade e com as exigências da vida do mais velho começas a imaginar se o companheiro vai perceber... A ver vamos.
A postura é bem mais descontraída, mas não é à vontadinha. Os receios são os mesmos. Que tudo corra bem na hora do parto. Que o bebé seja saudável e perfeito o resto corremos atrás (como diz a sabedoria brasileira).
Mas quando se sabe para o que se vai e se o primeiro já foi difícil, até passar a hora e ver-me a desfrutar desta família que alargo com meu filho, tua filha e nosso filho e continuar contigo aí sim. Penso... Bora lá aproveitar isto ao máximo!!!!
A menos de um mês porquê isto tudo???
Porque me apeteceu saborear com calma este estado de graça e porque deu vontade de partilhar sem filtros.
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